Em entrevista exclusiva ao GLOBOESPORTE.COM, técnico tetracampeão diz
quais critérios deverão ser tomados na hora de escolher o treinador para
2014
Há quatro anos, Carlos Alberto Parreira, à época no comando da seleção
brasileira, sentia na pele a frustração e a cobrança pela eliminação na Copa
da Alemanha. Uma das principais críticas seria o estilo liberal e à falta de
pulso com medalhões como Ronaldo e Roberto Carlos. Por conta disso, Dunga
assumiu o cargo para colocar rédeas curtas e implementar uma filosofia
totalmente diferente de trabalho. No entanto, hoje, o capitão do tetra
deixou o Mundial de 2010 exatamente da mesma forma que Parreira em 2006:
despachado nas quartas de final.
Em entrevista exclusiva ao GLOBOESPORTE.COM (assista no vídeo ao lado a
íntegra do bate-papo), o tetracampeão relembrou outras similaridades entre
as duas campanhas (de 2006 e 2010) e ressaltou que não existe receita para
conquistar uma Copa do Mundo.
- Eu acho que esses dois parâmetros são muito claros. Os resultados foram
iguais. Comigo, conquistamos a Copa América, ganhamos a Copa das
Confederações na Alemanha, vencendo os anfitriões e a Argentina na final.
Ficamos em primeiro nas eliminatórias e acabamos eliminados (na Copa). A
mesma coisa ocorreu agora. Não existe uma fórmula pronta. Cada país tem seu
jeito de treinar, sua filosofia. O importante é você ter resultado e sucesso
– salientou Parreira.
O treinador da África do Sul na Copa também eximiu Dunga de qualquer culpa,
mas disse não entender como a equipe perdeu a calma no fatídico duelo contra
Holanda que decretou o adeus do Brasil à Copa.
- Lamento é que o Brasil vinha com uma boa trajetória. Um saldo muito
favorável de vitórias. O time vinha jogando bem e fez um primeiro tempo
excelente. Poderia ter definido o jogo. O que não entendi foi como o time
entrou em pânico depois que a Holanda empatou. Como uma equipe experiente
como a nossa perdeu a cabeça desse jeito e não se encontrou mais na partida.
Não vou falar de longe, pois vi o jogo da televisão. Mas a gente percebeu
que o time se descontrolou de uma maneira inexplicável para o padrão que tem
– observou.
Parreira quer técnico experiente em 2014
Segundo Parreira, o sonho do hexa ter ruído na África vai causar mais
pressão para a seleção na Copa de 2014. Afinal, o torneio será disputado no
Brasil. Por conta disso, Parreira disse quais critérios deverão ser tomados
na hora de escolher o substituto de Dunga.
- Tem que ser um técnico independente, muito experiente, sujeito a chuvas e
trovoadas (risos). Ele também deve ter convicções bem definidas, pois não
vai faltar conselho de palpiteiros. A pressão vai ser muito mais forte do
que agora, pois ganhar uma Copa fora é muito mais fácil do que ganhar em
casa – disse Parreira.
Com contrato por encerrar na África do Sul, Parreira desmentiu a
possibilidade de assumir qualquer clube brasileiro ainda nesta temporada (Cruzeiro
e Palmeiras teriam feitos propostas).
- Recebi algumas propostas de clubes brasileiros de ponta e de três seleções,
não da Europa, mas já para começar um trabalho a partir do final do ano. Mas
estou praticamente decidido a não sair mais do Brasil. Vou dar um tempo até
dezembro e ficar com a família – contou. |