No Corinthians, Ronaldo diz ter readquirido a disposição de jogar futebol em
nível competitivo. Considera ter dado mais uma volta por cima. No entanto,
no caminho que tem percorrido desde sua estreia pelo clube paulista até
agora, o Fenômeno trocou as glórias pessoais pela comemoração coletiva.
Em três competições disputadas, o atacante corintiano já venceu duas (Copa
do Brasil e Paulista), e sua equipe é uma das favoritas à luta pelo título
brasileiro - antes do início desta rodada, o Corinthians ocupava o quarto
lugar na tabela.
Em contrapartida, o letal goleador não chegou à ponta da artilharia em
nenhuma delas.
No Nacional, ele já marcou seis vezes, três a menos que Val Baiano, o
artilheiro do Barueri e da competição. No Paulista, chegou aos oito gols,
mas ficou bem atrás de Pedrão, do Barueri, que alcançou os 16. Na Copa do
Brasil, Taison, do Inter, foi o artilheiro com sete gols, quatro a mais do
que Ronaldo.
Mas, a despeito de sua principal função em campo ser a de empurrar as bolas
para as redes adversárias, o camisa 9 do Corinthians tem desenvolvido outras
virtudes pouco comuns num artilheiro, que costuma ser mais "fominha" do que
solidário com os colegas.
No Brasileiro, Ronaldo tem feito as vezes de armador e até de defensor. E
com eficiência.
Com aproveitamento alto nos passes (85,3%), tem se mostrado um bom criador
de jogadas. No Nacional, tem média de uma assistência a cada dois jogos, a
segunda melhor do time nesse fundamento.
Prova disso são as duas últimas partidas do Corinthians. Os gols que abriram
os placares diante de Cruzeiro e Vitória foram anotados, respectivamente,
por Dentinho e Jorge Henrique. Os dois atacantes que jogam pelas laterais,
para teoricamente acionar Ronaldo, foram servidos por ele, que se aproveita
do espaço deixado entre zagueiros e volantes adversários para recuar e
lançar seus companheiros sem marcação.
Apenas Douglas, cuja função principal é exatamente a de abastecer o ataque,
supera o Fenômeno. O camisa 10, que está prestes a deixar o clube, dá 1,4
assistência por jogo.
Mas o maior artilheiro da história das Copas do Mundo (15 gols) também tem
se mostrado um bom defensor na hora da emergência. Único corintiano liberado
das obrigações de defender, Ronaldo procura auxiliar com roubadas de bola.
Faz 2,1 desarmes por partida.
E não se furta de parar jogadas dos adversários. Comete uma falta por duelo. |