Ronaldo teve uma tarde diferente no último sábado. Como sempre muito assediado,
o centroavante virou o centro das atenções estando longe do gramado e fazendo o
papel de comentarista. Foi perseguido por inúmeras pessoas antes e durante a
goleada do Corinthians por 5 a 1 sobre o Estudiantes, no Pacaembu, mas permitiu
maior contato daqueles que o cercaram.
Depois de ser o mais ovacionado pela torcida na apresentação do elenco, Ronaldo
enfrentou uma caminhada difícil. Não pela distância, mas pelos obstáculos
encontrados da saída do vestiário até a cabine da emissora de televisão para a
qual comentou a vitória alvinegra no amistoso.
O Fenômeno foi cercado por três seguranças do Corinthians em todo o trajeto. Um
abria caminho e os outros impediam que as pessoas se aproximassem. Junto com
eles, Ronaldo arrastava torcedores, jornalistas e funcionários do clube. Os
seguranças foram firmes durante o trajeto, até mais do que o jogador desejava.
"Pode deixar ela", disse o atacante em determinado momento, quando uma
jornalista se esforçava para se aproximar. A mesma coisa aconteceu quando
Ronaldo deixou a cabine de TV, novamente alvo de muito assédio e euforia. "Calma,
não precisa de tudo isso", tentou argumentar.
A postura do centroavante reforça o pedido feito na última entrevista que
concedeu, em Itu. Apesar de ciente de sua importância para o futebol brasileiro
e de se considerar um "prato cheio", Ronaldo gostaria de ser tratado de maneira
mais normal em relação aos demais. Contudo, a preocupação do clube com seus
passos e a euforia em torno de seu nome só crescem.
O Fenômeno também tentou amenizar o fato de comentar a atuação de seus
companheiros a convite da TV Globo. Ele aceitou o chamado para analisar seu time
na transmissão, mas tentou reforçar que não estava à vontade para desempenhar
tal função.
"Não sou comentarista, é muito constrangedor falar dos meus companheiros
batalhando nesse momento difícil da temporada", afirmou o camisa 9. "É difícil
assistir a um jogo de futebol como comentarista. Fico me imaginando, vendo os
movimentos que eu faria, além de já virar torcedor e torcer pelos meus
companheiros que estão ali."
Desde o dia em que acertou com o Corinthians, Ronaldo e o próprio clube
reforçaram que o jogador não teria privilégios. E, na rotina da equipe,
realmente não tem um tratamento tão especial. O "problema" é que, por sua
história, o centroavante atrai atenção incomparável a de seus companheiros de
Corinthians.
Fato que, para Mano Menezes, é até positivo em algumas situações. "Com base em
sua trajetória e no que já fez, cada jogador tem mais ou menos repercussão.
Talvez com mais tempo atuando no Brasil isso tudo diminua um pouco sobre o
Ronaldo, mas tem o lado bom: enquanto todos se preocupam com ele, nós treinamos
quietinhos", opinou o treinador. |