Eram 10h da manhã quando Ronaldo, em um carro importado, entrou pela primeira
vez no Parque São Jorge, por um portão lateral, sem ser notado.
Àquela altura, uma multidão já se aglomerava por todas as dependências da sede
social do Corinthians. Todos à espera de um ídolo que ninguém sabe ao certo
quando, de fato, entrará em campo. Mas ele é Ronaldo, um dos maiores jogadores
da história do futebol brasileiro.
A recepção armada foi digna da envergadura de uma estrela internacional. Jamais
o clube havia feito um evento desse porte para receber um jogador.
Mais de 500 jornalistas se credenciaram para ouvir as primeiras palavras do "Fenômeno"
com a camisa alvinegra.
Para receber a imprensa, parte dela estrangeira, foram oferecidos 500 litros de
champanhe. Do lado de fora do Parque São Jorge, um engarrafamento gigante se
formou. Rojões eram disparados todo o tempo pelos fãs eufóricos.
Na sala da presidência, os cartolas corintianos se mostravam apreensivos. "Se
ele não chegar, a gente vai apanhar", dizia o conselheiro André Luiz de Oliveira
ao presidente Andres Sanchez. "Calma, ele já vem", respondia Andres.
Quando Ronaldo entrou no espaçoso gabinete, houve um momento de silêncio,
ninguém sabia como se dirigir ao craque.
"Parecia o príncipe Charles chegando", relatou Oliveira, que flertou com Paulo
Garcia, candidato de oposição adversário de Andres nas eleições de 14 de
fevereiro. O outro concorrente, Osmar Stábile, também marcou presença.
Às 10h30, enfim, a tradicional sirene ecoou pelo Parque São Jorge causando um
grande frenesi anunciando a contratação mais badalada do futebol brasileiro nos
últimos tempos.
Nas arquibancadas da Fazendinha, os torcedores já cantarolavam as músicas
preparadas para recepcionar o astro. "Não é mole, não, o Ronaldo é mais um louco
pra jogar no Coringão", gritavam.
Na entrevista coletiva, Ronaldo sentou-se com a cúpula corintiana entre dois
enormes painéis com caricaturas do jogador. Os desenhos escondiam os evidentes
quilos a mais exibidos pelo atacante. "Não sei quando vou estar em campo", foi
uma das primeiras coisas que ele fez questão de dizer.
"Depois do novo estatuto, que trouxe a democracia de volta ao clube, a
contratação do Ronaldo é o segundo maior acontecimento da história do
Corinthians", disse Andres.
Em seguida, o presidente levou o novo ídolo ao gramado. Cerca de 6 mil
torcedores foram à loucura quando Ronaldo entrou em campo.
Ao estourar a champagne, Andres se lambuzou. Ronaldo sorriu e fez um rápido
discurso. "Como já disse, sou mais um louco nesse bando de loucos. Obrigado",
falou o craque.
Em seguida, vestiu a camisa da Gaviões da Fiel e ensaiou uma embaixada,
interrompida pelo susto que levou após estrondo de um lança-fitas. Por último, o
"Fenômeno" deu uma volta olímpica. Tudo muito rápido. E foi embora, perto das
13h. Tem volta marcada ao Parque São Jorge para o próximo dia 26. |