No dicionário de Ronaldo, Copa do Mundo é sinônimo de polêmica. Em 98,
demorou mas da final não passou - ele teve uma convulsão ainda hoje não
inteiramente esclarecida e o Brasil perdeu da França. Em 2002, as
incertezas chegaram cedo - poucos acreditavam que ele tivesse condições
físicas de jogar e ele, não só jogou como foi campeão e artilheiro.
Agora, a polêmica se arrasta desde o início da preparação e até a
segunda rodada continua. Na preparação em Weggis, a barriga proeminente
denunciava que Ronaldo estava acima do peso. No amistoso contra a Nova
Zelândia, a formação de bolhas nos pés o tiraram do jogo e de um treino
já na Alemanha.
No primeiro dia no país da Copa, Ronaldo estava de folga, mas não gostou
que a imprensa visse como a desfrutou - até as 6h da manhã numa boate em
Frankfurt, com direito a fotos no díario Bild. Nessa mesma semana, o
Fenômeno bate boca com o presidente da república, Luiz Inácio Lula da
Silva através da imprensa. A semana caótica terminou com a perda de um
treino por conta de uma febre de origem desconhecida.
A fogueira da polêmica aumentou com a estréia contra a Croácia,
terça-feira última, quando Ronaldo pouco se mexeu e quase não tocou na
bola. No dia seguinte, o atacante baixou num hospital em Frankfurt, após
sofrer tonturas. De endoscopia a tomografia da cabeça, tudo foi feito
com Ronaldo e nada de anormal foi constatado.
Encruzilhadas aqui não faltam. Os companheiros dividem-se entre
discursos de apoio a Ronaldo e pedidos para que se esqueça desses
problemas. Parreira divide-se em homenagens ao passado do craque e
alertas de que ninguém é intocável. Se o Brasil vencer a Austrália e
Ronaldo jogar mal, ele terá apenas o jogo contra o Japão para reagir e
não ser barrado.
Mas se o Brasil não vencer e Ronaldo jogar mal, a encruzilhada vira um
caminho de mão única para o banco. |