A 42 dias da estréia na Copa do Mundo da
Alemanha, o técnico Carlos Alberto Parreira adiantou a escalação para a
partida contra a Croácia, em Berlim, no dia 13 de junho, com o quarteto
ofensivo confirmado.
Com uma atitude contrária ao mistério que vem adotando sobre os 23 nomes
que serão convocados para o Mundial - a divulgação da lista será no dia
15 de maio - o treinador adiantou com tranqüilidade que os 11 titulares
que entrarão em campo contra os croatas serão os mesmos que encerraram a
campanha nas eliminatórias para a Copa, em outubro do ano passado.
Se a condição física de todos os jogadores ajudar, Parreira terá como
titulares Dida, Cafu, Juan, Lúcio e Roberto Carlos; Émerson, Zé Roberto,
Kaká e Ronaldinho; Ronaldo e Adriano, mesma escalação da vitória por 3 a
0 sobre a Venezuela na última rodada do torneio classificatório, no dia
12 de outubro.
"Para começar a Copa é o quadrado. Depois, ao longo da competição, serão
os resultados e o desempenho que irão determinar a não-necessidade ou a
necessidade de se mexer nisso", afirmou Parreira a repórteres, nesta
terça-feira, após participar de um debate com leitores no auditório do
jornal O Globo, no Rio de Janeiro.
Antes, respondendo a uma pergunta durante a sabatina, Parreira respondeu:
"O time que vai começar a Copa será o mesmo que terminou as
eliminatórias, temos que manter uma coerência neste trabalho de três
anos e meio."
Sobre a lista do próximo dia 15, assunto preferido dos leitores e
jornalistas, o técnico decidiu não fazer nenhum comentário, alegando que
devido à proximidade do anúncio não poderia comentar a situação de
nenhum atleta.
Porém, sem citar nomes para as 12 vagas restantes ¿ 23 podem ser
inscritos - , Parreira mostrou preocupação com o excesso de jogos de
Gilberto Silva e Edmilson, que junto com Ronaldinho, que estarão em
campo na final da Liga dos Campeões, entre Arsenal e Barcelona, dia 17,
em Paris.
"São três jogadores importantes e com certeza um deles vai chegar mais
feliz do que os outros, mas se forem convocados".
Sobre o goleiro Marcos, que não vem atuando pelo Palmeiras, o treinador
preferiu não comentar.
Parreira, entretanto, não economizou palavras para repetir o lema de
união dos jogadores, lembrando mais uma vez as máximas de "manter o ego
do lado de fora" e que "jogador vence partida, mas é a equipe que
conquista os títulos".
Ronaldinho livre
O treinador da Seleção não se intimidou ao responder uma pergunta sobre
as diferenças do desempenho de Ronaldinho na Seleção Brasileiro e no
Barcelona.
"Dizer que o Ronaldinho joga diferente na Seleção e no Barcelona por
causa do posicionamento é um absurdo. Ele tem liberdade total na Seleção
Brasileira, a diferença é que no clube o palco é só dele, e na Seleção
ele tem que dividir com outras estrelas".
Ainda sobre o craque do time catalão, o treinador disse que não teme um
cansaço excessivo pelo fato de ele estar em campo no dia 17 de maio para
a decisão da Copa dos Campeões, contra o Arsenal, apenas cinco dias
antes da apresentação para o Mundial.
"Um jogo a mais ou a menos nesta época da temporada não vai mudar o
cenário que tínhamos até o mês passado. Essas três semanas (antes da
Copa) serão determinadas à recuperação dos jogadores."
Confiança em Adriano
O treinador minimizou o mau momento do atacante Adriano na Inter de
Milão, afirmando que o desempenho do atacante não o preocupa.
"O Adriano tem carinho e alegria, quando joga pela Seleção Brasileira.
Confiamos no Adriano que fez o que fez na Copa América e na Copa das
Confederações".
O coordenador-técnico Zagallo reforçou o coro em defesa do atacante. "Se
o Adriano está no banco lá entre os argentinos é problema deles. Quando
chegar aqui estará em nossa família. Ele já mostrou o que é, e tomara
que o Imperador arrebente na Copa", disse ele.
Perguntado sobre o motivo de Juninho não ser titular da Seleção,
Parreira disse que o meia do Lyon não tem as características de Zé
Roberto.
"Temos muita responsabilidade e temos de tomar decisões. É muito
diferente para o público que só tem de opinar e não tem que tomar
decisões. Tudo é possível no futebol, mas o Juninho nunca foi volante,
ele é meia. Esta é a minha opinião e como sou eu quem escalo a Seleção
vai prevalecer", disse.
Preparação física
Parreira lamentou o tempo que terá para preparar a equipe para o Mundial.
"O preparo físico é fundamental. Lamento não poder trabalhar como em 94,
quando tivemos quatro semanas com o time. O jogador só desenvolve bem a
qualidade técnica, quando está bem fisicamente", disse.
Apesar do pouco tempo que terá para preparar a equipe, Parreira
mostrou-se focado na conquista de seu segundo título mundial como
treinador, o terceiro na carreira (foi preparador físico em 1970) e o
sexto do Brasil.
"Ficamos felizes com a energia positiva causada pela torcida
verde-e-amarela em todos os lugares. O favoritismo vem de fora para
dentro, mas os jogadores, com humildade, determinação e, principalmente,
coletividade, vão esquecer o "eu" e tentar trazer o hexa como equipe",
disse.
Arbitragem
Os seguidos escândalos de arbitragem em 2005, na Alemanha e no Brasil,
não deixaram a comissão técnica da Seleção Brasileira preocupada com os
árbitros da Copa do Mundo.
Para Parreira, a tecnologia ajuda a arbitragem atualmente e não há
motivo de preocupação.
"Hoje são 25 câmeras vigiando o jogo. Se falharem será por erro e não
propositalmente".
Para Zagallo, o assunto arbitragem não deve preocupar a Seleção porque
não é responsabilidade da comissão técnica. "Não tememos, nem pensamos
na arbitragem. Isso é problema da Fifa".
Maracanã
Parreira, também entrou na polêmica sobre o Maracanã correr o risco de
não ser indicado como um dos estádios para a Copa de 2014, na
candidatura oficial que será enviada pela CBF à Fifa.
"O Maracanã é um estádio histórico de muita tradição, mas que tem que se
ajustar às exigências da Fifa. Então tem muito que mudar para poder ser
palco de uma Copa". |