30/06/2005
Parreira promete vida longa ao 'quadrado mágico'
O técnico Carlos Alberto Parreira festejo
bastante a conquista da Copa das Confederações. Sobretudo porque ficou
provado que a Seleção Brasileira pode funcionar bem com quatro homens
ofensivos, esquema utilizado na competição. 'Foi um título importante'
disse ele.
Nesta entrevista à Agência Placar, ele ressaltou que a equipe brasileira
está mais visada do que nunca pelos adversários. Favorita ao título da
Copa do Mundo de 2006, terá que aprender a conviver com isso e terá que
trabalhar muito para corrigir os erros que ainda existem.
Agência Placar - Parreira por que o Brasil conseguiu atropelar a
Argentina, o mesmo adversário para quem tinha perdido com tanta
facilidade nas Eliminatórias ha algumas semanas?
Parreira - Fizemos uma grande apresentação. Marcamos nossos gols,
encaixamos bem a marcação e fomos perigosos nos contra-ataques.
Poderíamos ter feito ainda mais gols e vencido por uma placar mais
elástico. No jogo das Eliminatórias, os argentinos estavam mais
motivados e nos venceram. Hoje aconteceu exatamente o contrario. Ganhar
da Argentina sempre é bom, mas melhor ainda foi vencer da forma com que
conseguimos, jogando um ótimo futebol.
Agência Placar - O esquema com quatro atacantes continua?
Parreira - Sim, não tenho porque mudá-lo depois de ter passado em uma
avaliação contra seleções fortes como a Alemanha e a Argentina. Nesta
final, vi todo o time ocupando espaços e marcando o adversários quando
não tinham a posse da bola. Acho que estamos caminhando a passos largos
neste trabalho.
Agência Placar - Por que hoje você joga com mais atacantes do que em
1994, quando a Seleção tinha fama de ser defensiva demais?
Parreira - O trabalho de um treinador é moldar um time com os jogadores
de que dispõe. Hoje tenho jogadores mais técnicos no meio-campo. Mas é
difícil comparar momentos. O que eu estou fazendo não tem nada de
revolucionário, quero aproveitar os melhores jogadores que temos e os
moldarmos a um esquema de jogo em que o time seja eficiente para atacar,
mas também para se defender. Isso só se consegue com tempo de
treinamento. Mas esta vitoria nos dá confiança para continuar insistindo.
Mas o nosso objetivo, antes de mais nada, é conseguir a classificação
para a Copa, que ainda não foi alcançada. Ainda faltam dois jogos em
casa, e tenho confiança de que dá para garantir a vaga.
Agência Placar - Este título serve para alguma coisa?
Parreira - Claro que sim. Acho importante ganharmos a Copa das
Confederações, que não vencíamos desde 1997. E esta foi especial: teve a
Alemanha, dona da casa, a Argentina na final e motivada, a Grécia, que
ganhou o titulo europeu... Também acho que foi importante para ver 21
jogadores em ação e fazer experiências. Nosso time cresceu na hora certa
para vencermos os donos da casa e a Argentina e ganhar o titulo.
Agência Placar - O Brasil é hoje disparado o maior favorito para vencer
a próxima Copa. Isso é bom?
Parreira - Temos de aprender a lidar com o favoritismo. Mas não podemos
achar que está tudo bem, é preciso tentar melhorar o que já conseguimos.
E nem sempre sabemos como fazer isso. Desde que eu comecei a trabalhar
na Seleção, em 1970, só ganhamos quando saímos escorraçados do país.
Agência Placar - E como aprender a fazer isso?
Parreira - Trabalhando muito e mantendo os pés no chão. É preciso
construir uma equipe que jogue de uma maneira solidária. Favoritismo
apenas não ganha jogo. Na ultima Copa, França e Argentina eram apontados
como campeões potenciais e saíram da competição logo na primeira fase. A
vitoria nesta Copa das Confederações só aumenta ainda mais a nossa
responsabilidade. Ser o favorito absoluto pode ser perigoso se não
houver muito trabalho.
Agência Placar - Como explicar a evolução do Adriano?
Parreira - Adriano é o tipo de jogador que cresce nos momentos decisivos.
Eu o conheço desde os tempos em que ele estava começando no Flamengo e
eu treinava o Atlético-MG. Ele já mostrava, nesta altura, um grande
talento para marcar gols. E está em plena evolução, como mostrou aqui na
Alemanha.
Agência Placar - Você deixa mesmo a Seleção depois da Copa do Mundo?
Parreira - Meu compromisso com a CBF é ate o fim da Copa no ano que vem.
Depois de quatro anos, o desgaste é muito grande.