A seleção do Brasil aproveitará o "Jogo da
Paz" contra o Haiti, na quarta-feira, para levar também uma mensagem de
apoio às crianças carentes. Todos os jogadores brasileiros entrarão em
campo de mãos dadas com meninos e meninas e cerca de 300 crianças da
Unicef assistirão ao jogo.
Ronaldo, a principal estrela do time e o mais conhecido pelos haitianos,
será acompanhado por um menino de 4 anos, de nome Donald e HIV-positivo.
Após a partida, o "fenômeno" vai "trocar" sua camisa com o garoto.
Além disso, a equipe deve segurar uma faixa, a pedido do presidente do
Brasil Luiz Inácio Lula da Silva, com os dizeres "A Justiça Social é o
verdadeiro nome da Paz," escrita em crioulo, um dialeto francês falado
no Haiti, país mais pobre das Américas.
A admiração dos haitianos pelo Brasil tem forte ligação com o futebol: a
população local é apaixonada pelo esporte. O ministro de Relações
Exteriores brasileiro, Celso Amorim, lembrou uma semelhança entre os
dois países, em relação à etnia. "O Haiti é o segundo país da América
Latina e Caribe de população negra, o Brasil é o primeiro," disse.
O presidente Lula e Amorim tiveram encontro com os jogadores no final da
tarde de terça-feira em Santo Domingo, capital da República Dominicana,
onde a Seleção está concentrada e Lula acompanhou a cerimônia do novo
presidente Leonel Fernándes.
Lula recebeu de presente de Ronaldo uma chuteira dourada. "Vai ser a
primeira vez na história da humanidade que uma seleção (vê o povo)
torcendo para seu time perder."
Antes do encontro com o presidente, Ronaldo e Roberto Carlos deram
entrevista à imprensa. "Acho que a gente está fazendo algo histórico, o
Brasil vai parar uma guerra. Isso mostra o poder do futebol," disse o
atacante.
Questionado se o futebol deve se envolver com política, Ronaldo,
embaixador da Organização das Nações Unidas (ONU), rebateu: "Futebol não
deve se preocupar com política, mas sim com questões sociais."
O Fenômeno disse que fará ainda este ano uma partida dos Amigos do
Ronaldo contra os Amigos do Zidane, craque francês. Parte do dinheiro
arrecadado será destinado à reconstrução do Haiti, informou o jogador
Roberto Carlos, assim como outros atletas, afirmou estar muito contente
em participar do jogo, e lembrou que "só futebol não é solução para os
problemas do mundo."
O Brasil lidera desde junho as forças de paz da ONU no Haiti, dentro do
esforço de reconstrução do país caribenho. Em fevereiro, o então
presidente haitiano Jean-Bertrand Aristide foi deposto em uma revolta
armada.
Cerca de 1.800 homens participarão do esquema montado para garantir a
segurança de Lula e dos astros do futebol brasileiro durante as poucas
horas em que permanecerão no Haiti. Os jogadores farão o trajeto entre o
aeroporto e o estádio local, com capacidade para apenas 13 mil pessoas,
escoltados em veículos militares. |