O 'Jogo da Paz' entre Brasil e Haiti, cujo
objetivo principal é iniciar uma campanha de desarmamento naquele país,
vem assumindo um caráter muito mais amplo do que um simples evento
esportivo: está se tornando um grande acontecimento da política mundial,
com a possibilidade de o Brasil chamar a atenção do mundo ao país mais
pobre do continente americano, onde a taxa de desemprego chega a 70% e o
índice de analfabetismo de 47,1%, e que, em fevereiro deste ano, viveu
uma grave crise institucional.
De acordo com o Chefe de Segurança da Seleção Brasileira, Coronel
Castelo Branco, que esteve na última semana em Porto Príncipe, o país é
de uma pobreza impressionante. Não existe saneamento, metade da
população não tem acesso à água, e a própria capital dispõe de apenas 14
horas de eletricidade diariamente. Mas, segundo Castelo Branco, apesar
do alto índice de desemprego, é raro ver alguém pedindo esmola. A renda
per capita anual do Haiti é hoje de US$ 361 (cerca de R$ 1085).
Também de acordo com o Coronel, a própria população está preocupada com
a segurança da seleção, já que existe uma paixão enorme pelo futebol
brasileiro. Ressaltou ainda o trabalho do Comandante Heleno Pereira e o
General de Brigada, Américo Salvador de Oliveira, voltados para a
segurança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do jogo no Estádio
Sylvio Cator, totalmente reformado para o amistoso e com capacidade para
13 mil pessoas.
Segundo cálculos da Federação Haitiana, a expectativa do povo é muito
grande, com a possibilidade de ver os principais craques da seleção,
como Ronaldo, Kaká, Roberto Carlos, Cafu e Ronaldinho.
A idéia do jogo surgiu durante um encontro, no último mês de junho,
entre o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva e o
presidente da CBF, Ricardo Teixeira. Brasil e Haiti só se enfrentaram
uma vez, no dia 21 de abril de 1974, em Brasília. A equipe, então
comandada por Zagallo, goleou por 4 a 0, gols de Paulo César Lima,
Rivellino, Marinho Chagas e Edu.
Proteção - O esquema de segurança montado para a comitiva do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva e para a seleção brasileira de futebol no
Haiti contará com 1700 homens, entre tropas da Organização das Nações
Unidas (ONU) e policiais haitianos. O esquema começa a funcionar a
partir desta segunda-feira, dois dias antes da visita dos brasileiros. |