O primeiro tropeço do Brasil nas eliminatórias coincidiu com a falta de brilho e o excesso de violência dos brasileiros, que apenas empataram por 1 a 1 com o Peru, neste domingo, em Lima.

Os toques refinados destacados nas duas primeiras rodadas do classificatório deram lugar ao futebol "brucutu" no Peru.

Recorde de faltas e os primeiros amarelos marcaram a partida que tirou do Brasil a liderança do classificatório sul-americano.

Sem Roberto Carlos e Ronaldinho, cortados por causa de contusão, a seleção brasileira perdeu em finalizações, cruzamentos, posse de bola e qualidade de passe, as principais características do time de Carlos Alberto Parreira.

O meio-campo formado por três volantes (Emerson, Gilberto Silva e Zé Roberto), bem marcado, não conseguia armar as jogadas. As chances brasileiras se limitaram às jogadas de Kaká e Rivaldo, que formaram uma dupla jamais editada no Milan.

O limitado Peru passou melhor que os brasileiros (85% de eficiência x 79,3%) e teve mais posse de bola (56% x 44%).

A performance do Brasil foi o avesso do que havia ocorrido nas primeiras rodadas do classificatório sul-americano: poucos passes (288 contra média de 441 nos jogos contra Colômbia e Equador); muitos chutões, poucos cruzamentos e o quase desaparecimento dos dribles.

A média de faltas explodiu. O mesmo time que havia cometido apenas sete faltas contra a Colômbia e 13 contra o Equador, derrubou os adversários 26 vezes ontem. Quatro brasileiros (Emerson, Gilberto Silva, Alex e Zé Roberto) saíram de campo com o cartão amarelo -o que não tinha acontecido nenhuma vez nas duas primeiras partidas do Brasil.

O nervosismo tomou conta até de Dida, que só não comprometeu o resultado porque os peruanos não souberam aproveitar as suas falhas depois que Rivaldo, de pênalti, abriu o placar aos 21min do primeiro tempo.

Kaká, que logo no primeiro minuto de jogo havia perdido boa chance depois de ter recebido assistência de Rivaldo, serviu o companheiro de Milan, que driblou Galliquio e foi derrubado dentro da área. Pênalti cobrado e convertido pelo próprio Rivaldo no canto direito do goleiro.

O resultado favorável não mudou o panorama do jogo. A marcação falha obrigava os brasileiros a apelarem para as faltas seguidamente.

Os peruanos só saíram para o intervalo em desvantagem porque não acertaram o pé -tentaram cinco chutes contra Dida, mas acertaram apenas um, que chegou amortecido aos braços de Dida depois de desviar na zaga.

"Estamos um pouco isolados [Kaká, Ronaldo e Rivaldo]. O time precisa avançar mais. Estamos dando espaço no meio-campo", admitiu Kaká no intervalo.

No segundo tempo, o "espaço" continuou aberto e os peruanos, rápidos pelas laterais, passaram apostar nas bolas alçadas.

Tentaram três vezes até que Pizarro, aos 13min, ganhou dos zagueiros Lúcio e Roque Júnior, acertou bela cabeçada e empatou a partida.

O poder ofensivo do Brasil foi ainda pior no segundo tempo da partida. No total, o time tentou apenas 13 chutes em todo o jogo -média inferior a que havia marcado contra a Colômbia e o Equador (14,5).

As melhores chances caíram nos pés de Ronaldo, que teve até um gol anulado pelo juiz aos 25min. Mas as finalizações brasileiras poucos problemas causaram para o goleiro Ibáñez.

Já Dida e os marcadores brasileiros tiveram que trabalhar para conter os seguidos cabeceios dos peruanos, que não acertaram a pontaria e saíram de campo com o empate.

Agência Folha
Em São Paulo