Ronaldo tenta repetir atuaçőes do Real para pagar "dívida" com a seleçăo
15/11/2003
Ronaldo tenta repetir atuaçőes do Real para pagar "dívida" com a seleçăo
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Muitos gols, precisăo nas
finalizaçőes e resistęncia. O atacante Ronaldo, 27, teve
tudo isso em 2003, mas năo na seleçăo.
Ao contrário de outras temporadas, quando brilhava no
time nacional com mais força do que nos clubes (especialmente
nos cinco anos que passou na Inter de Milăo), o mais
famoso jogador do país só mostrou o seu melhor no ano que
está quase no fim com a camisa do Real Madrid.
Um imenso abismo separa o desempenho de Ronaldo na
seleçăo e na equipe espanhola. A começar por sua
especialidade: os gols.
Com a camisa amarela, o jogador, em 2003, marcou apenas
uma vez em seis partidas, o que significa a pífia média
de 0,17 gol por jogo. Já no Real Madrid, Ronaldo tem a
ótima marca de 0,79 tento por duelo.
"Quero muito fazer o gol contra o Peru. Já estou há duas
partidas [pela seleçăo] sem marcar. Năo é muito tempo,
mas para um atacante é sempre bom estar fazendo gols",
diz Ronaldo, que no entanto năo está em débito na seleçăo
brasileira apenas na hora de balançar as redes.
Estatísticas do Datafolha e do Campeonato Espanhol deixam
claro o descompasso de Ronaldo em 2003. Com a seleçăo,
onde obteve o seu único gol na temporada na estréia das
eliminatórias, contra a Colômbia, ele tem na temporada
uma média de finalizaçőes e precisăo 30% menor do que no
torneio espanhol.
Presente em mais de 90% dos jogos do Real Madrid em 2003,
o atacante também apanha mais em campo longe da seleçăo (média
de 1,7 falta por jogo, quase o dobro da registrada no
time de Carlos Alberto Parreira).
Apesar da baixa produtividade do astro na sua equipe, o
treinador da seleçăo é só elogios para Ronaldo. "Ele é um
fora de série que pode fazer coisas incríveis", disse
Parreira, que no primeiro semestre afirmou que Ronaldo
ainda estava em débito com a camisa amarela na sua gestăo.
No Real, Ronaldo năo repetiu atitudes de outros anos, que
irritavam companheiros e dirigentes dos times europeus.
No Carnaval, por exemplo, ele ficou em Madri e năo tomou
um aviăo para o Rio, onde adora passar a mais tradicional
festa popular brasileira.
Năo é só dentro de campo que Ronaldo parece mais ŕ
vontade hoje na Espanha do que no Brasil. Sua separaçăo
conjugal e o consequente interesse da mídia brasileira
pelo caso durante toda a semana o irritaram.
"Na Europa, vocę é mais respeitado. Somos tratados como
artistas do futebol. Vamos ao nosso palco e damos nosso
espetáculo. O tratamento no Brasil é diferente. Ŕs vezes,
năo te respeitam. Falam um monte de besteira", queixou-se
Ronaldo, que no Brasil ainda se depara com a situaçăo
legal de seus empresários, condenados ŕ prisăo pela
Justiça.
Além de reclamar da curiosidade alheia por seus problemas
particulares, Ronaldo passou a semana em Teresópolis
falando sobre seus números na seleçăo.
A mais próxima de acontecer é a marca de 50 gols - falta
apenas um tento para ele atingir o feito. "A minha
motivaçăo aumentou depois que fiquei sabendo que vou
chegar ŕ marca dos 50 gols", disse o atleta, que também
năo gostou do tratamento dado ŕs declaraçőes em que ele
questionava alguns dos gols marcados por Pelé na seleçăo.
Por Paulo Cobos
Enviado especial da Agęncia Folha
Em Lima (Peru), UOL